sexta-feira, 8 de abril de 2011

Barcelos e o Galo Português

Muita gente vai à Portugal e compra tudo que tem o famoso galo estampado. São lápis, imãs, panos de prato, toalhas de mesa, e até mesmo galos que medem a temperatura do ar. O galo português é famoso, mas nem todo mundo sabe o porquê.
Entre 2010 e 2011 eu tive a oportunidade de conhecer algumas cidades do extremo norte de Portugal, onde realmente aquele país nasceu. Dentre estas cidades está Barcelos, e a origem da lenda do galo português aconteceu lá.

Há um cruzeiro seiscentista que faz parte do espólio do Museu Arqueológico de Barcelos, é a comprovação da curiosa lenda do galo. Segundo ela, os habitantes do burgo andavam alarmados com um crime e, mais ainda, por não se ter descoberto o criminoso que o cometera.

Certo dia, apareceu um homem que se tornou suspeito. As autoridades resolveram prendê-lo e, apesar dos seus juramentos de inocência, ninguém acreditou. Ninguém julgava crível que o homem estava se dirigindo a São Tiago de Compostela em cumprimento de uma promessa, nem que fosse fervoroso devoto do santo que em Compostela se venerava, assim como de São Paulo e de Nossa Senhora. Por isso, foi condenado à forca pelo crime. Antes de ser enforcado, pediu que o levassem à presença do juiz que o condenara. Concedida a autorização, levaram-no à residência do magistrado, que nesse momento se banqueteava com alguns amigos. O homem voltou a afirmar a sua inocência e, perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que estava sobre a mesa e exclamou: - É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem. Risos e comentários não se fizeram esperar, mas pelo sim e pelo não, ninguém tocou no galo.

Abaixo da cruz, o galo. E abaixo dele, o homem quase sendo enforcado
O que parecia impossível, tornou-se, porém, realidade! Quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo assado ergueu-se na mesa e cantou. Já ninguém duvidava das afirmações de inocência do condenado. O juiz corre à forca e com espanto vê o pobre homem de corda ao pescoço, mas o nó lasso, impedindo o estrangulamento. Imediatamente solto, foi mandado em paz. Passados anos, voltou a Barcelos e fez erguer o monumento em louvor à Virgem e a São Tiago.

Infelizmente o Museu Arqueológico aparentemente está abandonado, não há muitos turistas pela cidade, além do que está à céu aberto,  e talvez por isso não é possível ver claramente o cruzeiro, já que está sujeito a chuva (na região do Minho chove bastante) e sol. Mas se observar atentamente é possível ver o galo, estou apontando com a mão, e o homem prestes a ser enforcado está algemado, sua cabeça de lado e envolta do pescoço uma corda.

Pronto, agora você já sabe porque o símbolo de Portugal é um galo. Muito fixe*, não é?



*Fixe é legal, bacana, em português de Portugal.



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