quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Vinho do Porto



Quando nasci, ainda um bebê, meu pai - nada maluco - pingava o dedo na cerveja, no vinho, no licor e botava uma gota na minha boca. Eu fazia cara feia para alguns, e cara boa para outros. Quero deixar bem claro que meu pai nunca me induziu a beber, e nem virei uma alcoólatra por conta disso, pelo contrário, bebo muito pouco.

Desde que eu me entendo por gente, meu pai procurou nos ensinar (eu e minha irmã) a apreciar bons vinhos e saber diferenciar, cor, tanino, acidez, etc. Não, ele não é um especialista, um somelier, é apenas um admirador.

A primeira vez que eu entrei em contato com o vinho do Porto foi em 2005,  exatamente na cidade do Porto, onde visitamos as caves "Kopke" e "Casa Ferreira", e em dezembro de 2010, quando fui novamente à "Casa Ferreira" e conheci a "Sandeman", famosa pelo homem vestido com a capa preta, que mais parece o Zorro. O vinho do Porto não é mais produzido naqueles locais, é apenas comercializado ali. As caves aproveitam o turismo e fazem visitas guiadas, com vídeos, e ainda degustação.

O vinho do Porto é diferente dos demais porque seu processo de fermentação é interrompido na metade para adição de açúcar, isto faz com que ele seja bastante doce e tenha entre 19 e 22º de álcool. Em regra, são três os vinhos do Porto, Branco, Ruby e Tawny. Mas, a Casa Ferreira apresenta ainda a versão lágrima do vinho do Porto branco.

A diferença entre os tintos Tawny e Rubi é exatamente o tempo em que o vinho mantém contato com a madeira do barril.

Há ainda as categorias especiais, como o vinho "Reserva" que é produzido a partir de uvas selecionadas de grande qualidade, onde faço o destaque do "Dona Antônia", uma homenagem à Senhora Ferreirinha responsável pelo impulsionamento da Casa Ferreira (foto abaixo)

Mais especiais ainda estão os "Vintage" que é a classificação mais alta que pode ser atribuída a um vinho do Porto. Vintage é o vinho do Porto obtido da colheita de um só ano, e é uma denominação atribuída apenas em anos considerados de excepcional qualidade, portanto, são de preços muito elevados. Sonho um dia poder beber um vinho do Porto Vintage!

Isto foi só um apanhado bem geral, caso você queria saber mais sobre o vinho do Porto, basta clicar aqui e visitar o site do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Barcelos e o Galo Português

Muita gente vai à Portugal e compra tudo que tem o famoso galo estampado. São lápis, imãs, panos de prato, toalhas de mesa, e até mesmo galos que medem a temperatura do ar. O galo português é famoso, mas nem todo mundo sabe o porquê.
Entre 2010 e 2011 eu tive a oportunidade de conhecer algumas cidades do extremo norte de Portugal, onde realmente aquele país nasceu. Dentre estas cidades está Barcelos, e a origem da lenda do galo português aconteceu lá.

Há um cruzeiro seiscentista que faz parte do espólio do Museu Arqueológico de Barcelos, é a comprovação da curiosa lenda do galo. Segundo ela, os habitantes do burgo andavam alarmados com um crime e, mais ainda, por não se ter descoberto o criminoso que o cometera.

Certo dia, apareceu um homem que se tornou suspeito. As autoridades resolveram prendê-lo e, apesar dos seus juramentos de inocência, ninguém acreditou. Ninguém julgava crível que o homem estava se dirigindo a São Tiago de Compostela em cumprimento de uma promessa, nem que fosse fervoroso devoto do santo que em Compostela se venerava, assim como de São Paulo e de Nossa Senhora. Por isso, foi condenado à forca pelo crime. Antes de ser enforcado, pediu que o levassem à presença do juiz que o condenara. Concedida a autorização, levaram-no à residência do magistrado, que nesse momento se banqueteava com alguns amigos. O homem voltou a afirmar a sua inocência e, perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que estava sobre a mesa e exclamou: - É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem. Risos e comentários não se fizeram esperar, mas pelo sim e pelo não, ninguém tocou no galo.

Abaixo da cruz, o galo. E abaixo dele, o homem quase sendo enforcado
O que parecia impossível, tornou-se, porém, realidade! Quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo assado ergueu-se na mesa e cantou. Já ninguém duvidava das afirmações de inocência do condenado. O juiz corre à forca e com espanto vê o pobre homem de corda ao pescoço, mas o nó lasso, impedindo o estrangulamento. Imediatamente solto, foi mandado em paz. Passados anos, voltou a Barcelos e fez erguer o monumento em louvor à Virgem e a São Tiago.

Infelizmente o Museu Arqueológico aparentemente está abandonado, não há muitos turistas pela cidade, além do que está à céu aberto,  e talvez por isso não é possível ver claramente o cruzeiro, já que está sujeito a chuva (na região do Minho chove bastante) e sol. Mas se observar atentamente é possível ver o galo, estou apontando com a mão, e o homem prestes a ser enforcado está algemado, sua cabeça de lado e envolta do pescoço uma corda.

Pronto, agora você já sabe porque o símbolo de Portugal é um galo. Muito fixe*, não é?



*Fixe é legal, bacana, em português de Portugal.


sábado, 12 de março de 2011

Marrakesh, Marrocos - Parte 2

Continuando a saga pelo país mais exótico que já visitei...

Perdeu o primeiro post? Clica aqui!


"Acordamos ainda durante a madrugada. O dia anterior havia sido muito cansativo. A viagem e a pernada em Marrakesh acabou com nossas energias. O quarto era escuro, então não tínhamos noção quanto o amanhecer. Olhamos no relógio e voltamos a dormir. Luã, às 5h ouviu a primeira reza do dia e, segundo ele, parecia impressionante o silencio das ruas contrastado com o encontro dos megafones dos minaretes (torres das mesquitas). Próximo ao nosso hotel havia dois minaretes, na praça Djema El Fna. Mas ainda tinham outros três, pelo menos, em volta. Então era possível escutar àquela prece cantada logo cedo.
Por volta das oito, acordamos, e antes de levantar pude escutar o som dos passarinhos, eram muitos!! Tomamos banho e subimos para o terraço. Lá era servido o petit dejerneur. O ambiente era muito interessante. Uma espécie de tenda, com sofás e almofadas, bem no estilo marroquino. Então um sujeito apareceu com uma bandeja com pães franceses, dois croissants, manteiga, geléia de damasco, suco de laranja pura, leite, sache de nescafé e um bule com Chai de menta. Delicioso! Conclui que foi o melhor suco de laranja que já tomei na vida! Muito bom mesmo!
Saímos em direção ao Musée de Marrakech. Tinhamos de contornar os souks para chegar lá. Bom, no caminho nos perdemos completamente por aquele labirinto e como sempre as pessoas só diziam que tínhamos de seguir tout droit, mas nunca chegávamos. Até que um homem nos informou que hoje este museu estava fechado. Resolvemos voltar à praça Djema El Fna e conhecer outra parte de Marrakesh. Resolvemos ir num ponto turístico que na verdade é um cemitério antigo, cujas construções são bastante bonitas (colocar o nome do local). Pagamos um euro para visitar e realmente valeu a pena, arquitetura esplêndida! Apesar de muitos turistas, conseguimos aproveitar bem o local, e inclusive vimos um gato andando no altíssimo muro do local. Fizemos muitas fotos. De lá, decidimos seguir para conhecer um Palácio que tinha lá próximo, mas por algum motivo não pudemos entrar, confesso que não entendi. Logo que nos aproximamos, ainda com uns 100m de distância, o guardinha foi logo gesticulando que não podíamos entrar, demos meia volta e “topamos” com um marroquino que nos convidou a conhecer o Jardin Agdal de onde se poderia ver os “Alpes” marroquinos. Seguimos o cara que obviamente iria cobrar a dica, até que em determinado momento ele parou e disse para seguirmos reto que chegaríamos até lá, que era um local maravilhoso e etc, etc. Demos um trocado a ele e seguimos. Andamos, andamos, andamos. Vimos cactos, pedimos outras informações até que chegamos a um imenso local, que mais parecia um palácio. Peguei a máquina e quando estava pronta a bater uma foto, os guardinhas disseram para não fazer fotografias. Perguntamos o que era o local e eles disseram ser uma residência privada. Eu e o Luã ficamos pasmos, pois o tamanho do muro era imenso e o portão de entrada digno da família real. Deve ser a residência de algum sheik
Continuamos a pernada.. afe! Comparei as andanças com as de Veneza. Cruzamos uma avenida e adentramos ao Jardim. Ainda andamos mais um bocado até chegar numa imensa lagoa, com muitos peixes que pareciam carpas, mas não tenho certeza. Ao fundo uma construção marroquina e bem mais ao fundo os Alpes nevados! Sim, eu sou uma ignorante mesmo! Quando pensamos em África, nos vem à mente calor dos infernos! Mas no Marrocos há montanhas nevadas! Filmamos e fotografamos a geografia surpreendente.De lá eu disse ao Luã que não agüentaria andar tudo aquilo de volta, negociamos um táxi para nos levar ao La Menara, onde ficam os camelos. Minha idéia inicial era fazer uma excursão para o deserto, mas como não conseguimos ficar mais tempo, ficaria inviável, pois são necessários dois dias e uma noite no mínimo. 
Assim, tive que me contentar em andar de camelo no Jardin La Menara, que também é fora da Medina. Negociamos com o cara e o passeio morreu em 50 dirham, 5 euros para ambos, ou seja, 2,50 para cada. O bicho primeiro abaixa as patas da frente e depois as de trás, aí após ele estar deitado é que podemos subir. Isso eu fiz na boa, mas na hora em que ele foi se levantar eu levei um susto ahhahaha! Primeiro ele levantou as patas dianteiras e depois as traseiras e eu fiquei toda torta até ele se levantar por inteiro, foi muito engraçado. Teve um determinado momento que o cara largou a cordinha que conduz o camelo só para o Luã bater a foto sem o cara aparecer. Imagina o perigo! Vai que aquele bichão resolve sair andando! Hahahahaha! Depois foi a vez do Luã, mas aí o cara não largou a cordinha dele, ou seja, só eu dirigi o camelo! Feitas as fotos e filmagens, caminhamos pelo Jardim de La Koutoubia, vimos muitas roseiras nesse jardim, assim como muitas fontes e edificações marroquinas, coisas lindíssimas. Já era hora do almoço quando chegamos ao minarete Koutoubia. 
No momento em que lá chegamos, estava havendo uma oração islâmica. Novamente o alto-falante emitindo aquela reza meio cantada, e conseguimos ver a entrada da mesquita. Aliás, duas entradas, uma só de mulheres e outra só de homens. Todos precisam tirar os sapatos e fazem milhares de gestos até se abaixarem completamente como reverência, tudo em cima de tapetes belíssimos. Pela porta da mesquita conseguimos ver que ao fundo há um espaço onde eles realizam algum ritual de lava-pés. É uma parte repleta de azulejos marroquinos, e imagino que a mesquita por dentro deva ser belíssima também. Luã ficou tocado com o momento da oração dos marroquinos e começou a fotografar desesperadamente, eu fiquei nervosa pois muitos começaram a fazer gestos de que não se poderia fotografar mas o Luã não me dava ouvidos. Até que alguém lhe chamou atenção diretamente e finalmente nós seguimos pra a Djemaa El Fna. Foi uma coisa muito diferente observar tudo aquilo, toda a forma como eles  rezam. De volta ao local onde tudo acontece, fiquei embriagada pela quantidade de coisas nas barracas dos souks e não resisti. E lá começamos a parar, olhar e receber os convites para entrar nas lojinhas. As negociações demoradas. Compramos panos, chaveiros, maquiagem, copinhos para chai, bule, maquiagem, Luã comprou um peão para o Gabriel, e ambos adquirimos túnicas tipicamente marroquinas, onde o vendedor nos explicou que no Marrocos há três cores: laranja, terracota e vermelho, e todas elas tem a ver com o sol. Na compra dos chaveiros pedi um brinde ao estilo Dra. Rosângela, e o vendedor me deu =) Sobre a negociação das coisas que gostávamos, a mesma iniciava com o vendedor informando sobre as peculiaridades do produto, os detalhes, a história, até que vinha a facada. Então iniciava um duelo de negociadores, Luã com seu parco francês tentava dar o melhor preço, era muito engraçado ver o Luã negociando com os caras. Estávamos saindo do souk, já era umas 5 da tarde, quando todos pararam de vender e fazer barulho, não sabíamos, mas havia uma mesquita pequena na entrada do souk, e os comerciantes na sexta-feira param tudo para fazer suas rezas que se estenderam para o lado de fora onde pudemos ver tudo! Não nos deixaram bater fotos, mas está tudo guardadinho na retina. Ao final perguntei a eles quantas rezas eles tinham por dia, que são 5, e se sexta-feira era um dia especial, o cara apenas respondeu que sim. A esta altura a Praça já estava se transformando para as barraquinhas de comida. 
Fui assediada por uma marroquina para fazer uma tatuagem de henna na mão. Essas tatuagens são super tradicionais e eu resolvi fazer. Há três cores: laranja que sai em 3 ou 4 dias; marrom que sai em duas semanas e a preta que sai em um mês. Quanto mais dura, mais cara, portanto, fiz a laranja. Ficou muito bonita =) Fotos, muitas fotos. Após a tatoo, demos uma longa volta até voltarmos nos mesmos rapazes que comemos no dia anterior, comemos cuzcuz marroquino novamente, só que eu pedi com frango e Luã, com espetinhos.



Entrada da Medina

Hotel Cecil

sexta-feira, 11 de março de 2011

Marrakesh, Marrocos - Parte 1


Em março de 2011, eu e Luã, ainda estávamos morando em Braga, Portugal e resolvemos viajar para Marrakesh, no Marrocos, pela empresa aérea low cost Ryanair, após muitas dicas de amigas que já tinham ido. Mochilar de avião na Europa é possível! Há passagens de 7 euros pela Ryanair! Marrakesh sem dúvida foi uma das melhores viagens que já fiz, especialmente pelo choque cultural.
Acompanhem como foi:


"Acordamos às 5h da manhã para podermos chegar com tranqüilidade. Banho, café, últimas arrumações e saímos de Gualtar, nosso bairro em Braga, rumo á paragem (parada de ônibus). Pegamos o autocarro (ônibus) das 6h34 e o comboio das 7h10 para a Cidade do Porto. Às 8h chagamos em Campanhã (estação). Pegamos o metrô em direção ao aeroporto. Chegamos por volta das 9h. Procuramos o check-in da Ryanair, pois o Luã por não ser europeu, mas apenas residente, precisava de um carimbo da empresa antes do embarque. Feito isso, detector de metais, e então sala de embarque. Acessamos a internet gratuita de lá nos computadores que ficam espalhados por toda a sala de embarque. Procurei um quiosque da MAC mas não encontrei. Compramos uns chocolates e aguardamos o nosso portão. Quando a informação foi liberada, fizemos a imigração. Eu como sempre não levei carimbo (dupla cidadania), só o Luã. 
Conseguimos ser os primeiros a entrar no avião e sentamos logo na segunda fileira (na Ryanair não há assentos marcados). Não escolhemos a primeira por ser saída de emergência. O vôo foi como de praxe da Ryanair: cadeira sem reclinar, um festival de anúncios imperdíveis, comida vendida e nada de sossego. Ouvi as aeromoças conversarem e darem dicas sobre o lugar, como por exemplo o suco de laranja. 
De repente comecei a ver um “mar” de vermelho e terracota.. era Marrakesh! Chegamos em Marrakesh adiantados, mas não sei ao certo quantos minutos. Isto deve acontecer porque quase não há malas despachadas, afinal, Ryanair é só mala de mão para poder sair barato. No aeroporto trocamos nosso dinheiro, pois segundo informações de pesquisa é o melhor câmbio, acreditem se quiserem. O dinheiro no Marrocos é desvalorizado, portanto há mais zeros, assim, um euro são 10 dirams. 
Pegamos informação para saída e descobrimos que dentro do aeroporto não há o Tourist Information. Do lado de fora vimos um ônibus estacionado e váááários táxis. Resolvemos ir de ônibus.. pobre é ralado,kkkk. O motorista nos indicou a descida na Praça Djemaa El Fna onde fica o hotel que reservamos pelo voudemochila.com
Ao descer do ônibus tivemos uma visão do inferno: um trânsito caótico! Carruagens, motos, bicicletas, táxis, carros particulares, muita gente, enfim, todos disputando o mesmo espaço. Desnorteados com o local começamos a procurar o hotel, momento em que fomos abordados por um senhor nos oferecendo hotel em francês. A língua oficial de Marrakesh é árabe e a segunda é francês. 

Respondemos, mal e porcamente, que já tínhamos reserva no Hotel Cecil, e ele começou a nos chamar para seguirmos com ele, pois ele trabalhava para o Hotel Cecil. O cidadão simplesmente começou a nos guiar por dentro de uns labirintos nos quais não lembrávamos mais o caminho de volta. Ficamos ansiosos e nervosos, porém continuamos a seguir o sujeito até que voilà! Hotel Cecil. O hotel está localizado no caminho de um beco, bem próximo a praça principal de Marrakech, a Djema El Fna. Wirna tratou de apresentar nossos documentos no check in, enquanto Luã foi dar a gorjeta ao guia. Ele queria 50 Diham (5 Euros), mas Luã finalizou a conversa entregando apenas 10 Diham (1 Euro). 
Fizemos o check in, guardamos as malas no quarto e então resolvemos sair para explorar o coração da Medina, a place Djema El Fna, que, como falamos anteriormente, está bem próxima ao Hotel Cecil. Uma completa loucura. Carros, motos, bicicletas e pessoas no meio da rua, sem sinalização, sem buzina. No centro da praça encantadores de serpente, macacos, tatuadoras de henna, comerciantes, carrinhos vendendo suco de laranja, barulho, cornetinhas. Ficamos deslumbrados e assustados. Também concluímos que àquelas imagens de filme, realmente são reais. Tratamos de passear pela parte externa dos souks (mercados), até que Wirna apontou para um shisha (ou narguilé). Na hora fomos saber o preço, crentes de que deveríamos negociar para que a compra fosse bem sucedida, não apenas por uma questão de valor, mas por uma questão de ritual. O vendedor então deu um preço alto, 250 Diham (25 Euros). Luã começou a chorar: Monsieur, s’il vous plait, 150 Diham. O homem não aceitava de jeito nenhum, Wirna interveio dizendo que devíamos ir embora, então o comerciante puxou Luã de lado, deu as costas à Wirna e falou baixinho que fechava naquele valor, mais dois euros. Então Luã fechou o negócio e agradeceu: merci beaucoup! Seguimos a diante na aventura. 
Neste dia ainda negociamos mais um belíssimo espelho marroquino, almoçamos sanduiche no KFC, por incrível que pareça lá também tem fastfood. Resolvemos conhecer uma mesquita, que ficava próxima de onde estávamos hospedados, e também precisávamos de um mapa. Saímos em direção ao office de tourisme, mas no meio do caminho presenciamos uma cena curiosa. Uma moça estava com a moto no prego, e um taxista com clientes no carro por algum motivo encostou na moto, a mulher largou (literalmente) a moto, que obviamente caiu com tudo no chão, e começou a esmurrar a janela do lado do carona do taxi, goi uma gritaria! Depois dele desceu e começou a sacudir a moto da mulher, e logo veio um guarda para apaziguar os dois. Hahahahaha! Caminhamos bastante vimos uma belíssima mesquita, saímos da Medina, momento em que vimos a imensa muralha que a rodeia, atravessamos duas praças na ‘cidade nova’ (fora da Medina), e nunca chegava neste office de tourisme. Passamos por um McDonald’s com letreiro em árabe! Hahahaha! Só fora da Medina mesmo! Fotografei. Na rua as pessoas apenas diziam para que seguíssemos tout droit. Inclusive, Luã foi perguntar a uma senhora qual a direção do Tourist Information e ela simplesmente saiu “correndo”, haahhaaha, como a sociedade é machista eu é quem deveria ter perguntado. De repente chegamos ao local, depois de uma longa pernada. Estava fechado. No caminho de volta a Medina conseguimos comprar um mapa numa lojinha, onde ei aproveitei e comprei um imã, e resolvemos voltar de taxi, afinal de contas havíamos caminhado bastante. 
Voltamos ao hotel, tomamos banho e resolvemos jantar. Luã não parava de repetir que deveríamos provar o tal cuscuz marroquino, então saímos para degustar. Eu estava com certo receio, mas topei. A praça Djema El Fna ao anoitecer transforma-se numa verdadeira praça de alimentação marroquina, além de palco para espetáculos de rua, com danças do ventre, jogos de azar e música típica. Caminhamos por entre as barraquinhas e logo iniciou o assedio dos vendedores para o consumo. Ficamos numa barraquinha onde os jovens atendentes falavam ‘Obrigado’, ‘Batatas Fritas’ e ‘facebook’ hahahahaha! De entrada, um pão redondo grande com molho vermelho. Desistimos do molho, pois pensamos que fosse picante. O pão estava bom. 

Pedimos apenas dois cuscuz aux legumes. Um casal espanhol que estava ao nosso lado disse que era muito gostoso e de fato, estavam merveilleux, então resolvemos repetir com um cuscuz aux brochette, que são espetinhos de carne e frango, uma delícia! Pedimos ainda uma coca-cola, cujo rótulo estava metade em árabe metade ocidental =) Bati fotos. Após o jantar, como cortesia, os rapazes nos ofereceram “chai”, este sim eu estava louca para provar... nossa é muuuuuuuuuito bom! É um chá de hortelã maravilhoso! Fala sério! Quero tomar “chai” todo dia. Esta praça de alimentação é interessante. Pitoresca, pois lembra muito o Ver-o-Peso antes da reforma que foi submetido. Mas mesmo assim valeu a pena e não tivemos nenhum piriri. Note-se que em nossa bagagem levamos bastante imozec e plasil para o caso de haver algum problema. Mas felizmente não houve! Após o jantar demos mais uma voltinha na praça e ficamos a admirar as rodinhas com batuques, os jogos que são ao estilo de “arraial”, que você precisa acertar a bola num pequeno espaço e coisas parecidas, certa hora, todos pararam de batucar e ouvimos o som da Mesquita ecoando pela praça, era o momento da oração. Seguimos para o hotel mortos de cansados. Lá, eu estava na expectativa do banho, será que teria água quente? Sim, pois o clima em Marrakesh está ameno, mas de noite a temperatura dá uma caída para uns 8ºC, e eu precisava lavar o cabelo. Pois acreditem, a água ficou quentinha e nada de acabar como aconteceu conosco na Argentina, me surpreendi mais uma vez. Minha expectativa era a pior possível com relação à comida e acomodação e eu mordi a língua".

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Veja mais fotos:







domingo, 16 de janeiro de 2011

Day Trip em Cambridge, Inglaterra

Hoje trago mais um day trip europeu, confiram o diário de bordo de 16 de janeiro de 2011:

"Meu relógio biológico me acordou às 5h20 da matina, deve ter sido a preocupação com a viagem que eu teria que fazer antes da viagem para Cambridge, sim, isto porque eu moro longe (Zona 3 de Londres). Tomei banho, me arrumei, coloquei últimas coisas na mochila, tomei café, tudo com muito cuidado para não acordar a tchurma (host family). Saí de casa às 6h20 para pegar o ônibus das 6h30, mas adivinha? Quando eu estava quase chegando na avenida ele passou na minha frente que nem uma bala. E o que é pior, antes do horário dele! Saudade de Portugal que os motoristas esperam dar o horário. Bem, fiquei na parada até 6h50 quando veio o outro 89. Desci na Blackheath Station feliz da vida, e advinha? Não estavam circulando trens hoje. Que legal. Me informei com um cara na parada que me disse para pegar o 108 até a Lewisham Station e de lá pegar o trem. Esperei 10 minutos para o 108 chegar. Desci na bendita estação e advinha? Não haviam trens circulando hoje. Nessa hora bateu o desepero! Peguei outra orientação com uma moça muitíssimo chateada com a falta dos trens que certamente iria chegar atrasada em seu trabalho. Ela me disse para eu tomar o 47 até a London Bridge e pegar o metrô. O 47 não demorou muito, acho que uns 2 minutos. Olhei no meu mapa de ônibus e resolvi descer logo na Canada Water e pegar a Jubilee Line (linha cinza) e apenas trocar de metrô para a Nothern Line (linha preta) para então chegar até a Kings Cross Station. Para meu total alívio ainda consegui chegar com folga de 20 minutos!! O meeting point (ponto de encontro) era em frente à plataforma dois. Conheci uma paraguaia e perguntei quem iria nos levar, ela não sabia também. Até que um cara chamou: student’s to Cambridge! Era o Lawrence, o guia. Nessa hora a minha colega brasileira chegou, como eu e ela acertamos falar em inglês, ela já veio me cumprimentar em inglês. O guia nos entregou os bilhetes de ida (os quais de imediato percebi que eram de ida-e-volta por apenas 10,60) e disse que os de volta daria, na volta! Ele nos explicou sobre a visita e então subimos no trem, que era o mais rápido, ia direto para Cambridge, onde chegamos em 50 minutos. 











Na saída da estação ele nos entregou um mapa, no qual percebi que a cidade era bem pequena e gira totalmente em torno da universidade. O nome da cidade vem do rio, chamado CAM, que faz uma “meia-lua” na cidade. Seguimos andando até o centro e no caminho paramos em frente a uma casinha de porta azul que dizia, “Aqui viveu Charles Darwin”. Depois de ver onde ele foi enterrado agora vi onde ele morou quando estudou em Cambridge. Claro que bati fotos! Passamos em frente ao Fitzwilliam Museum (prédio neo-clássico), e o guia aproveitou para dizer que é grátis e que poderíamos visitar na parte da tarde. Em seguida passamos e pelo rio CAM e o guia nos parou em frente a uma ponte não-reta, ou seja, curvada até o outro lado, estilo a ponte de Monet. Reza a lenda de que ela foi projetada pelo magnífico Sir Isaac Newton, e copiada muitas vezes depois. Por aí barquinhos com guias (estilo gôndolas e gondoleiros) tentam dar um ar veneziano à cidade. Em seguida adentramos um parque e pudemos ver ainda de longe a King’s College e a sua famosa capela gótica. O guia disse que poderíamos visitar após o tour, e teríamos que pagar cerca de 4 pounds, mas que valia a pena. Seguimos andando por um belo corredor de árvores cujos troncos estavam todos verdes, e ao final uma entrada para a Trinity’s College, toda amarela, ficou tudo bem Brasil!
Cada College tem o seu fundador representado em uma estátua, a da Trinity tem o Henrique VIII segurando um globo e uma perna de cadeira escolar. Segundo o guia, ele tinha um cetro de ouro, assim como o globo o é, mas que no dia seguinte da inauguração do portão com a estátua o cetro, misteriosamente sumiu e no seu lugar foi colocada a perna da cadeira escolar. O pessoal da universidade tentou procurar pelo objeto, mas nunca foi recuperado, quando então resolveram fabricar outro para não deixar a estátua daquele jeito. Após a colocação do novo cetro, no dia seguinte ele sumiu novamente e em seu lugar foi colocada nova perna de uma cadeira escolar que está até hoje lá (vejam nas fotos do facebook). De lá paramos na praça principal onde terminou o tour. Fui com a minha colega no tourist information mas estava fechado. Fomos comer no Subway e em seguida fomos para a King’s College Chapel, a capela gótica. Desembolsamos os 4,50 e entramos. O órgão de madeira com detalhes em ouro foi um presente de Henrique VIII à Anna Bolena. Ao fundo, A adoração dos reis magos de Paul Rubens. Destaco ainda o teto totalmente trabalhado em estilo gótico com vários brasões e os vitrais com passagens bíblicas. Belíssima! Valeu os 4,50. Visitamos um pedaço da King’s College e seguimos para a Trinity College para fazer fotos melhores do Henrique VIII segurando a perna da cadeira escolar. Nesta college estudou Lord Byron, Lolita, Ernest Rutheford (o cara do eletromagnetismo - física) e o Sir Isaac Newton, cuja suposta macieira em frente à entrada da College, fez brotar a Lei da Gravidade.
Fiz fotos da St. John’s College (vermelha). Parei rapidola numa lojinha de souvenir para comprar lápis e imã. Daí voltamos para o museu FitzWilliam, onde pude ver Rubens, Monet, Renoir (La Place de Clichy), Van Dyck, Van Eyck, Murillo, Sisley, Rodin e um único Van Gogh. O ponto de encontro era em frente ao Museu às 16h, 16h27 chegamos à estação e pegamos o trem das 16:30, o qual veio “pingando” e levou 1h10 para chegar à King’s Cross Station, minhas pernas estão me matando e durante o trajeto dei uma cochilada. De lá fiz o mesmo trajeto de volta para casa, metrô, Bus 47 e Bus 89, sem estresse. Em casa Alex (filha da Amanda) está tomando conta da filha da vizinha, a Emily de 3 anos. Fofa demais! Jantei com a Alex, conversei rapidamente com a Amanda que está com o namorado (mas não o vi), tomei banho e comecei o relatório"


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