sábado, 12 de março de 2011

Marrakesh, Marrocos - Parte 2

Continuando a saga pelo país mais exótico que já visitei...

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"Acordamos ainda durante a madrugada. O dia anterior havia sido muito cansativo. A viagem e a pernada em Marrakesh acabou com nossas energias. O quarto era escuro, então não tínhamos noção quanto o amanhecer. Olhamos no relógio e voltamos a dormir. Luã, às 5h ouviu a primeira reza do dia e, segundo ele, parecia impressionante o silencio das ruas contrastado com o encontro dos megafones dos minaretes (torres das mesquitas). Próximo ao nosso hotel havia dois minaretes, na praça Djema El Fna. Mas ainda tinham outros três, pelo menos, em volta. Então era possível escutar àquela prece cantada logo cedo.
Por volta das oito, acordamos, e antes de levantar pude escutar o som dos passarinhos, eram muitos!! Tomamos banho e subimos para o terraço. Lá era servido o petit dejerneur. O ambiente era muito interessante. Uma espécie de tenda, com sofás e almofadas, bem no estilo marroquino. Então um sujeito apareceu com uma bandeja com pães franceses, dois croissants, manteiga, geléia de damasco, suco de laranja pura, leite, sache de nescafé e um bule com Chai de menta. Delicioso! Conclui que foi o melhor suco de laranja que já tomei na vida! Muito bom mesmo!
Saímos em direção ao Musée de Marrakech. Tinhamos de contornar os souks para chegar lá. Bom, no caminho nos perdemos completamente por aquele labirinto e como sempre as pessoas só diziam que tínhamos de seguir tout droit, mas nunca chegávamos. Até que um homem nos informou que hoje este museu estava fechado. Resolvemos voltar à praça Djema El Fna e conhecer outra parte de Marrakesh. Resolvemos ir num ponto turístico que na verdade é um cemitério antigo, cujas construções são bastante bonitas (colocar o nome do local). Pagamos um euro para visitar e realmente valeu a pena, arquitetura esplêndida! Apesar de muitos turistas, conseguimos aproveitar bem o local, e inclusive vimos um gato andando no altíssimo muro do local. Fizemos muitas fotos. De lá, decidimos seguir para conhecer um Palácio que tinha lá próximo, mas por algum motivo não pudemos entrar, confesso que não entendi. Logo que nos aproximamos, ainda com uns 100m de distância, o guardinha foi logo gesticulando que não podíamos entrar, demos meia volta e “topamos” com um marroquino que nos convidou a conhecer o Jardin Agdal de onde se poderia ver os “Alpes” marroquinos. Seguimos o cara que obviamente iria cobrar a dica, até que em determinado momento ele parou e disse para seguirmos reto que chegaríamos até lá, que era um local maravilhoso e etc, etc. Demos um trocado a ele e seguimos. Andamos, andamos, andamos. Vimos cactos, pedimos outras informações até que chegamos a um imenso local, que mais parecia um palácio. Peguei a máquina e quando estava pronta a bater uma foto, os guardinhas disseram para não fazer fotografias. Perguntamos o que era o local e eles disseram ser uma residência privada. Eu e o Luã ficamos pasmos, pois o tamanho do muro era imenso e o portão de entrada digno da família real. Deve ser a residência de algum sheik
Continuamos a pernada.. afe! Comparei as andanças com as de Veneza. Cruzamos uma avenida e adentramos ao Jardim. Ainda andamos mais um bocado até chegar numa imensa lagoa, com muitos peixes que pareciam carpas, mas não tenho certeza. Ao fundo uma construção marroquina e bem mais ao fundo os Alpes nevados! Sim, eu sou uma ignorante mesmo! Quando pensamos em África, nos vem à mente calor dos infernos! Mas no Marrocos há montanhas nevadas! Filmamos e fotografamos a geografia surpreendente.De lá eu disse ao Luã que não agüentaria andar tudo aquilo de volta, negociamos um táxi para nos levar ao La Menara, onde ficam os camelos. Minha idéia inicial era fazer uma excursão para o deserto, mas como não conseguimos ficar mais tempo, ficaria inviável, pois são necessários dois dias e uma noite no mínimo. 
Assim, tive que me contentar em andar de camelo no Jardin La Menara, que também é fora da Medina. Negociamos com o cara e o passeio morreu em 50 dirham, 5 euros para ambos, ou seja, 2,50 para cada. O bicho primeiro abaixa as patas da frente e depois as de trás, aí após ele estar deitado é que podemos subir. Isso eu fiz na boa, mas na hora em que ele foi se levantar eu levei um susto ahhahaha! Primeiro ele levantou as patas dianteiras e depois as traseiras e eu fiquei toda torta até ele se levantar por inteiro, foi muito engraçado. Teve um determinado momento que o cara largou a cordinha que conduz o camelo só para o Luã bater a foto sem o cara aparecer. Imagina o perigo! Vai que aquele bichão resolve sair andando! Hahahahaha! Depois foi a vez do Luã, mas aí o cara não largou a cordinha dele, ou seja, só eu dirigi o camelo! Feitas as fotos e filmagens, caminhamos pelo Jardim de La Koutoubia, vimos muitas roseiras nesse jardim, assim como muitas fontes e edificações marroquinas, coisas lindíssimas. Já era hora do almoço quando chegamos ao minarete Koutoubia. 
No momento em que lá chegamos, estava havendo uma oração islâmica. Novamente o alto-falante emitindo aquela reza meio cantada, e conseguimos ver a entrada da mesquita. Aliás, duas entradas, uma só de mulheres e outra só de homens. Todos precisam tirar os sapatos e fazem milhares de gestos até se abaixarem completamente como reverência, tudo em cima de tapetes belíssimos. Pela porta da mesquita conseguimos ver que ao fundo há um espaço onde eles realizam algum ritual de lava-pés. É uma parte repleta de azulejos marroquinos, e imagino que a mesquita por dentro deva ser belíssima também. Luã ficou tocado com o momento da oração dos marroquinos e começou a fotografar desesperadamente, eu fiquei nervosa pois muitos começaram a fazer gestos de que não se poderia fotografar mas o Luã não me dava ouvidos. Até que alguém lhe chamou atenção diretamente e finalmente nós seguimos pra a Djemaa El Fna. Foi uma coisa muito diferente observar tudo aquilo, toda a forma como eles  rezam. De volta ao local onde tudo acontece, fiquei embriagada pela quantidade de coisas nas barracas dos souks e não resisti. E lá começamos a parar, olhar e receber os convites para entrar nas lojinhas. As negociações demoradas. Compramos panos, chaveiros, maquiagem, copinhos para chai, bule, maquiagem, Luã comprou um peão para o Gabriel, e ambos adquirimos túnicas tipicamente marroquinas, onde o vendedor nos explicou que no Marrocos há três cores: laranja, terracota e vermelho, e todas elas tem a ver com o sol. Na compra dos chaveiros pedi um brinde ao estilo Dra. Rosângela, e o vendedor me deu =) Sobre a negociação das coisas que gostávamos, a mesma iniciava com o vendedor informando sobre as peculiaridades do produto, os detalhes, a história, até que vinha a facada. Então iniciava um duelo de negociadores, Luã com seu parco francês tentava dar o melhor preço, era muito engraçado ver o Luã negociando com os caras. Estávamos saindo do souk, já era umas 5 da tarde, quando todos pararam de vender e fazer barulho, não sabíamos, mas havia uma mesquita pequena na entrada do souk, e os comerciantes na sexta-feira param tudo para fazer suas rezas que se estenderam para o lado de fora onde pudemos ver tudo! Não nos deixaram bater fotos, mas está tudo guardadinho na retina. Ao final perguntei a eles quantas rezas eles tinham por dia, que são 5, e se sexta-feira era um dia especial, o cara apenas respondeu que sim. A esta altura a Praça já estava se transformando para as barraquinhas de comida. 
Fui assediada por uma marroquina para fazer uma tatuagem de henna na mão. Essas tatuagens são super tradicionais e eu resolvi fazer. Há três cores: laranja que sai em 3 ou 4 dias; marrom que sai em duas semanas e a preta que sai em um mês. Quanto mais dura, mais cara, portanto, fiz a laranja. Ficou muito bonita =) Fotos, muitas fotos. Após a tatoo, demos uma longa volta até voltarmos nos mesmos rapazes que comemos no dia anterior, comemos cuzcuz marroquino novamente, só que eu pedi com frango e Luã, com espetinhos.



Entrada da Medina

Hotel Cecil

sexta-feira, 11 de março de 2011

Marrakesh, Marrocos - Parte 1


Em março de 2011, eu e Luã, ainda estávamos morando em Braga, Portugal e resolvemos viajar para Marrakesh, no Marrocos, pela empresa aérea low cost Ryanair, após muitas dicas de amigas que já tinham ido. Mochilar de avião na Europa é possível! Há passagens de 7 euros pela Ryanair! Marrakesh sem dúvida foi uma das melhores viagens que já fiz, especialmente pelo choque cultural.
Acompanhem como foi:


"Acordamos às 5h da manhã para podermos chegar com tranqüilidade. Banho, café, últimas arrumações e saímos de Gualtar, nosso bairro em Braga, rumo á paragem (parada de ônibus). Pegamos o autocarro (ônibus) das 6h34 e o comboio das 7h10 para a Cidade do Porto. Às 8h chagamos em Campanhã (estação). Pegamos o metrô em direção ao aeroporto. Chegamos por volta das 9h. Procuramos o check-in da Ryanair, pois o Luã por não ser europeu, mas apenas residente, precisava de um carimbo da empresa antes do embarque. Feito isso, detector de metais, e então sala de embarque. Acessamos a internet gratuita de lá nos computadores que ficam espalhados por toda a sala de embarque. Procurei um quiosque da MAC mas não encontrei. Compramos uns chocolates e aguardamos o nosso portão. Quando a informação foi liberada, fizemos a imigração. Eu como sempre não levei carimbo (dupla cidadania), só o Luã. 
Conseguimos ser os primeiros a entrar no avião e sentamos logo na segunda fileira (na Ryanair não há assentos marcados). Não escolhemos a primeira por ser saída de emergência. O vôo foi como de praxe da Ryanair: cadeira sem reclinar, um festival de anúncios imperdíveis, comida vendida e nada de sossego. Ouvi as aeromoças conversarem e darem dicas sobre o lugar, como por exemplo o suco de laranja. 
De repente comecei a ver um “mar” de vermelho e terracota.. era Marrakesh! Chegamos em Marrakesh adiantados, mas não sei ao certo quantos minutos. Isto deve acontecer porque quase não há malas despachadas, afinal, Ryanair é só mala de mão para poder sair barato. No aeroporto trocamos nosso dinheiro, pois segundo informações de pesquisa é o melhor câmbio, acreditem se quiserem. O dinheiro no Marrocos é desvalorizado, portanto há mais zeros, assim, um euro são 10 dirams. 
Pegamos informação para saída e descobrimos que dentro do aeroporto não há o Tourist Information. Do lado de fora vimos um ônibus estacionado e váááários táxis. Resolvemos ir de ônibus.. pobre é ralado,kkkk. O motorista nos indicou a descida na Praça Djemaa El Fna onde fica o hotel que reservamos pelo voudemochila.com
Ao descer do ônibus tivemos uma visão do inferno: um trânsito caótico! Carruagens, motos, bicicletas, táxis, carros particulares, muita gente, enfim, todos disputando o mesmo espaço. Desnorteados com o local começamos a procurar o hotel, momento em que fomos abordados por um senhor nos oferecendo hotel em francês. A língua oficial de Marrakesh é árabe e a segunda é francês. 

Respondemos, mal e porcamente, que já tínhamos reserva no Hotel Cecil, e ele começou a nos chamar para seguirmos com ele, pois ele trabalhava para o Hotel Cecil. O cidadão simplesmente começou a nos guiar por dentro de uns labirintos nos quais não lembrávamos mais o caminho de volta. Ficamos ansiosos e nervosos, porém continuamos a seguir o sujeito até que voilà! Hotel Cecil. O hotel está localizado no caminho de um beco, bem próximo a praça principal de Marrakech, a Djema El Fna. Wirna tratou de apresentar nossos documentos no check in, enquanto Luã foi dar a gorjeta ao guia. Ele queria 50 Diham (5 Euros), mas Luã finalizou a conversa entregando apenas 10 Diham (1 Euro). 
Fizemos o check in, guardamos as malas no quarto e então resolvemos sair para explorar o coração da Medina, a place Djema El Fna, que, como falamos anteriormente, está bem próxima ao Hotel Cecil. Uma completa loucura. Carros, motos, bicicletas e pessoas no meio da rua, sem sinalização, sem buzina. No centro da praça encantadores de serpente, macacos, tatuadoras de henna, comerciantes, carrinhos vendendo suco de laranja, barulho, cornetinhas. Ficamos deslumbrados e assustados. Também concluímos que àquelas imagens de filme, realmente são reais. Tratamos de passear pela parte externa dos souks (mercados), até que Wirna apontou para um shisha (ou narguilé). Na hora fomos saber o preço, crentes de que deveríamos negociar para que a compra fosse bem sucedida, não apenas por uma questão de valor, mas por uma questão de ritual. O vendedor então deu um preço alto, 250 Diham (25 Euros). Luã começou a chorar: Monsieur, s’il vous plait, 150 Diham. O homem não aceitava de jeito nenhum, Wirna interveio dizendo que devíamos ir embora, então o comerciante puxou Luã de lado, deu as costas à Wirna e falou baixinho que fechava naquele valor, mais dois euros. Então Luã fechou o negócio e agradeceu: merci beaucoup! Seguimos a diante na aventura. 
Neste dia ainda negociamos mais um belíssimo espelho marroquino, almoçamos sanduiche no KFC, por incrível que pareça lá também tem fastfood. Resolvemos conhecer uma mesquita, que ficava próxima de onde estávamos hospedados, e também precisávamos de um mapa. Saímos em direção ao office de tourisme, mas no meio do caminho presenciamos uma cena curiosa. Uma moça estava com a moto no prego, e um taxista com clientes no carro por algum motivo encostou na moto, a mulher largou (literalmente) a moto, que obviamente caiu com tudo no chão, e começou a esmurrar a janela do lado do carona do taxi, goi uma gritaria! Depois dele desceu e começou a sacudir a moto da mulher, e logo veio um guarda para apaziguar os dois. Hahahahaha! Caminhamos bastante vimos uma belíssima mesquita, saímos da Medina, momento em que vimos a imensa muralha que a rodeia, atravessamos duas praças na ‘cidade nova’ (fora da Medina), e nunca chegava neste office de tourisme. Passamos por um McDonald’s com letreiro em árabe! Hahahaha! Só fora da Medina mesmo! Fotografei. Na rua as pessoas apenas diziam para que seguíssemos tout droit. Inclusive, Luã foi perguntar a uma senhora qual a direção do Tourist Information e ela simplesmente saiu “correndo”, haahhaaha, como a sociedade é machista eu é quem deveria ter perguntado. De repente chegamos ao local, depois de uma longa pernada. Estava fechado. No caminho de volta a Medina conseguimos comprar um mapa numa lojinha, onde ei aproveitei e comprei um imã, e resolvemos voltar de taxi, afinal de contas havíamos caminhado bastante. 
Voltamos ao hotel, tomamos banho e resolvemos jantar. Luã não parava de repetir que deveríamos provar o tal cuscuz marroquino, então saímos para degustar. Eu estava com certo receio, mas topei. A praça Djema El Fna ao anoitecer transforma-se numa verdadeira praça de alimentação marroquina, além de palco para espetáculos de rua, com danças do ventre, jogos de azar e música típica. Caminhamos por entre as barraquinhas e logo iniciou o assedio dos vendedores para o consumo. Ficamos numa barraquinha onde os jovens atendentes falavam ‘Obrigado’, ‘Batatas Fritas’ e ‘facebook’ hahahahaha! De entrada, um pão redondo grande com molho vermelho. Desistimos do molho, pois pensamos que fosse picante. O pão estava bom. 

Pedimos apenas dois cuscuz aux legumes. Um casal espanhol que estava ao nosso lado disse que era muito gostoso e de fato, estavam merveilleux, então resolvemos repetir com um cuscuz aux brochette, que são espetinhos de carne e frango, uma delícia! Pedimos ainda uma coca-cola, cujo rótulo estava metade em árabe metade ocidental =) Bati fotos. Após o jantar, como cortesia, os rapazes nos ofereceram “chai”, este sim eu estava louca para provar... nossa é muuuuuuuuuito bom! É um chá de hortelã maravilhoso! Fala sério! Quero tomar “chai” todo dia. Esta praça de alimentação é interessante. Pitoresca, pois lembra muito o Ver-o-Peso antes da reforma que foi submetido. Mas mesmo assim valeu a pena e não tivemos nenhum piriri. Note-se que em nossa bagagem levamos bastante imozec e plasil para o caso de haver algum problema. Mas felizmente não houve! Após o jantar demos mais uma voltinha na praça e ficamos a admirar as rodinhas com batuques, os jogos que são ao estilo de “arraial”, que você precisa acertar a bola num pequeno espaço e coisas parecidas, certa hora, todos pararam de batucar e ouvimos o som da Mesquita ecoando pela praça, era o momento da oração. Seguimos para o hotel mortos de cansados. Lá, eu estava na expectativa do banho, será que teria água quente? Sim, pois o clima em Marrakesh está ameno, mas de noite a temperatura dá uma caída para uns 8ºC, e eu precisava lavar o cabelo. Pois acreditem, a água ficou quentinha e nada de acabar como aconteceu conosco na Argentina, me surpreendi mais uma vez. Minha expectativa era a pior possível com relação à comida e acomodação e eu mordi a língua".

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